Esse coqueiro torto aqui na frente
Por onde sobe um esquilo bem desajeitado equilibrando um coquinho na boca
Essa espreguiçadeira que faz jus ao nome, esparramada entre o mar e a piscina
Esse mar, que às vezes até lembra a cor dos seus olhos e outras me enjoa como as suas ausências
Essa piscina, calma como os meus beijos de bom dia
Esse guarda-sol que ainda não decidiu se fica aberto ou fechado
Esse sol que disputa espaço com a garoa
Essa garrafa de Chardonnay
Essas framboesas
Aquela cama lá em cima, rodeada por um mosquiteiro que você chama de dossel
Os cinco travesseiros dispersos em cima dela
O meu livro de poemas da Hilda Hilst
A minha camisola de seda verde musgo
Minha pele lambuzada num misto de repelente com bronzeador e pingos do céu
Meus olhos
Minha boca
Minha língua
Meus pensamentos
Meus segredos
Meus manuscritos
Nada disso é seu.
Tudo é meu aqui neste fim de semana, sobretudo a solidão.
A única coisa que lhe pertence no meio disso tudo é a sua inconsistência.
(Ivy Cassa)
(Portas Abertas)
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